quarta-feira, 22 de julho de 2009

Amanhã estou de volta com mais textos.
Desculpem o abandono

sexta-feira, 15 de maio de 2009



Recebi dois selos desse
Devo responder a seguinte questão: O que significa para si ser um homo sapiens?
Não vou indicar ninguém, mas muito obrigada a quem me indicou. Quem quiser pode fazer;

É complexo, e é essa complexidade que me atrai, nesse ser tão infâme. Por mil vezes quis desvendar a estrutura dele, quando se gosta de algum deles, é isso que se quer. Mas e consegui? Nunca, sempre que acho que estou chegando perto, o ser humano me surpreende. Inclusive eu mesma, quando acho que estou conseguindo me definir, me decifrar - pimba! Consigo me surpreender e agir ao contrário, meu instinto animal clama pelo contrário, é o que parece.
O ser humano é baseado no egoísmo. O bom e o ruim - o bem e o mal divididos por uma linha tão fina que é ultrapassada com rapidez e às vezes desdém. Toda e qualquer boa ação é fundamentada em egoísmo, se um ser humano faz bem pra outro, é pensando em si mesmo, na sua satisfação, e o mal, bem o mal é egoísmo negro e puro, peçonhento e maléfico, mas ninguém faz mal pensando no sofrimento do outro, quem faz, faz mal pensando também na própria satisfação. Apenas seres humanos de verdade admitem isso.
Ser umser humano é ser complexo, é ser disforme e é ser bipolar sempre. Sempre dois extremos, sempre questionando, e sempre descobrindo vidas novas, maneiras novas de se sofrer ou de ser feliz. Ser humano é sofrimento, é amor e tudo ao contrário. É emoção pura ou a total falta dela.
Mas é incrível, que quando ele quer, ele acha um consenso entre esses dois opostos,e no amor por exemplo - ele acha um jeito de unir duas coisas completamente contrárias.
Ser humano é delicadeza, é sensibilidade, é podridão e maldade.
É tudo em um corpo só.
É uma mente em mil.

quarta-feira, 13 de maio de 2009


Porque é que eu tenho que ser assim ? Sempre dois extremos que se diferem – e sempre extremos. Se em uma hora estou calma já em outra estou agitadíssima, querendo que todos à minha volta acompanhem meu raciocínio digno de uma corrida de fórmula 1. Eu geralmente acordo de bom humor e conforme as horas vão passando, ele vai diminuindo, pois vou lembrando de quem não está aqui e da saudade que iso me traz.
É duvidoso alguém que diz ser bom sentir saudade. É boa a idéia de ter alguém pra sentir saudades, mas não as saudades em si. É nessa hora que voltoa ser criança, inocente e completamente desprotegida, é perigo cair nas garras do pessimismo e dali não sair por um bom tempo. Também às vezes caio nas trapaças do destino, aquelas que tentam me fazer desistir - mas elas me pegam apenas no sentido de me desanimar, não no de desistir literalmente - isso nunca passa pela minha cabeça - mesmo eu sendo só um pouco persistente.
É na hora de maior saudade, no ápice do desespero de não poder encontrar, olhar, tocar por enquanto, que volto a ser criança, volta a vontade de ser como meus super-heróis favoritos - até hoje são admito - de poder voar, correr pelas paredes, atravessar o tempo e as dinstâncias mais longas. Chegar até você e de uma vez por todas ali ficar,pra sempre.

segunda-feira, 4 de maio de 2009


Hoje estava lendo Kerouac, e ele escreveu algo com que me identifiquei na hora: “estou amando o amor”. É exatamente isso que eu sinto, é exatamente isso que eu descobri há uns três meses atrás. Sabe aquilo de querer enfrentar coisas ruins e boas ao lado de alguém, de querer apenas olhar praqueles olhos – os mais lindos do mundo – e se sentir imensamente, inexoravelmente grata, por eles serem meus? Enquanto te olho dormir, uma paz e uma calma me invadem de uma maneira pura e fiel, e eu sinto como se fosse explodir de amor. E daí eu não queria ter saído. Sabe aquela sensação de que o tempo gasto longe de alguém é o tempo mais inútil, é tempo perdido? Sabe como é conseguir sentir os cabelos, a pele, a respiração? De conhecer quando precisa de um abraço, de um beijo, de uma palavra ou de um olhar?
Vontade de querer passar a vida inteira junto, dividir cada coisa minúscula e comum do dia-a-dia, é o que eu sinto.
Essa segurança é que me deixa forte, é que me faz cantar no chuveiro, comer groselha na chuva, ou andar pelo barro.

É , estou amando o amor.

sexta-feira, 17 de abril de 2009


E quando voltaram pra casa, todas as coisas entraram em foco. Estavam sozinhos, estavam renovados e com medo. E agora? Depois de tudo o que passaram o casamento não os iria salvar. Quiseram os dois voltar atrás, pensaram em ir embora secretamente, quase que ao mesmo tempo - era tão assustador.
Sempre dividiram tudo o que tinham, mas agora era real, agora era irreversível; irreversível? Sim para eles, para os dois que recém tinham mudado suas vidas, era sim. Certas coisas marcam tão fundo, e pra quê? Pra te deixar sofrendo no fim, com as cicatrizes reabrindo, com o fervor do ódio inundando as faces, as palavras ditas, os olhares perdidos.
Tantos anos tinham-se passado, tantas vidas diferentes foram vividas em suas pequenas caixas coloridas, com seu pequeno palhaço dentro. A juventude e o amor carnal tinham ficado para trás. O que fariam agora? O amor já nem era mais o mesmo, mas continuava sendo amor. Era um amor de certa forma ainda juvenil, mas com muitas marcas do tempo. Muitas frustrações e mordidas profundas.
Os dois carregavam um fardo pesado agora, carregavam um ao outro. Não podiam desistir. Afinal em seus dedos levavam a lembrança daquele dia feliz, em que pensaram estarem salvando um ao outro. E de fato, estavam. Mas demorariam mais alguns anos para perceber isso.
Sempre quando ela precisou ele estava la, no vice-versa, nem sempre. Ela tinha mais amigos, mais compromissos, mais vida afora. Sempre fora assim.
Ele havia se apaixonado pelo jeito sincero e sem malícia dela, e ela pelo charme e confiança dele. Ambas as coisas não mais existiam. E o que ficou? Ainda poderiam estar apaixonados?
Pois estavam, ao longo dos longos dez anos juntos, foram descobrindo mais partes um do outro pelas quais podiam apaixonar-se, e assim o fizeram.
Porém o medo que surgiu na juventude os fizera cair.
E não sabiam, se a mesma coragem que também surgira quando eram jovens, ainda existia e muito menos se os ajudaria a levantar.
Pensavam os dois, secretamente, quase que ao mesmo tempo, se já não eram um só outra vez, deixando para trás o até que a morte os separe. Estavam mortos mesmo estando vivos, a chama tinha se apagado, junto com a força para reacendê-la.

Mas continuariam juntos até o fim de suas vidas, senão pelo outro, por eles mesmos. Eram a força apagada.

terça-feira, 14 de abril de 2009


E então ela o olhou ali jogado, morto e gelado por inteiro. Matara-o. Quisera-o. Mas nada saiu como o planejado. Em seus sonhos ela idealizava uma vida impossível. Pelo menos em seu caso perdido. Uma vida na qual a inconstância perdia-se com a insônia, era deixada do lado de fora da porta do seu quarto. Só a entrada dele era permitida. Ela havia preparado tudo, como devia ser. Tinha perdido horas de sono confabulando pretextos que o fizessem ficar mais um pouco. Havia ajeitado a cama, havia escondido os chinelos velhos, trocado a toalha do banheiro e perfumado o quarto com suas canções de amor. Tudo pra que ele se apaixonasse. Ela esperou – e ele não veio. Ela esperou até não agüentar mais, até que suas entranhas berrassem por compaixão – VENHA! - Mas ele nem sequer pensou em aparecer.
Então ela foi até ele. O suor escorrendo pelas mãos, duras, insensíveis. Algo a fizera mudar, endureceu o seu afeto. O pouco que lhe restava, seria feito.

quarta-feira, 1 de abril de 2009


E esse horror nas ruas, esse sangue ambíguo, essa angústia de dois, três, mil lados. Essas tragédias espalhadas pela rua, elas cegam o brilho das estrelas, o aconchego da lua – que eu enxergava sem medo, antes de entender o mundo. Antes de entender que o ser humano tem em sua essência o egoísmo, e com ele manipula tudo ao seu redor. Que não importa o quão sutis e bonitas forem as relações que conseguem uns com os outros, tudo o que se preserva é a ganância e a vontade de destruir. A ternura de uma amizade já não mais existe, nunca mais existirá pura, em seu estado mais primário.
Derramar sangue por puro prazer, discriminar por falsos ideais. Morrer pelos mesmos. Matar – o que é isso? Não é nada, é algo totalmente comum e normal como tomar café depois do almoço. Pessoas passando por pobreza na rua, sem sentirem um pingo de remorso. Pessoa jogando-se na rua, com medo, das bombas que caem. O que se ganha com uma guerra? Honra, medalhas, orgulho? Morte, tragédia, destruição, perdas e remorsos? O que fica pra trás, fica com cada um. Mas a humanidade não aprende, a humanidade pede sangue. Pelo quê?
Não consigo mais andar por esse lugar, longe de toda essa sujeira, e sentir o perfume bom que as coisas emanam, e sentir que tudo vai ficar bem – enquanto o mundo morre lá fora. Ninguém mais anda na rua com o prazer de ver as pessoas, de trocar sentimentos ou seja lá o que for. Todos andam por essas ruas já gastas, achando que o mundo é de cada um, apenas com seus próprios problemas, sem coragem de se doar por uma causa, sem dignidade pra enxergar o verdadeiro mundo aqui fora. Aqui, onde eu vivo agora, as coisas não estão críticas, mas vão ficar. Essa é a minha sina para a humanidade – se auto-destruir. E pelo quê? Ideais que matam, ideais que melhoram uma minoria? Se o ser humano não deixar de ser, humano – se autodestruirá. Amém.

quarta-feira, 25 de março de 2009


O mundo na minha cabeça, a fazendo pesar duzentas vezes mais do que o normal. E por quê? Não há respostas, e eu sinto que se eu perder tempo de novo, tentando encontrá-las, elas vão fugir ainda mais. Esse redemoinho aqui dentro não me deixa sossegar, espanta a tranqüilidade pra longe de mim, assim como uma pedra espanta peixes na água. Quanto mais o tempo passa, mas o buraco negro que tenta me engolir desde que me entendo por gente fica maior, mas ele chega perto, mais eu sinto o seu cheiro pútrido de noções ruins sobre as coisas, mas me enjôo. Mas ao mesmo tempo que sinto-me perdendo cada vez mais nesse infinito de dúvidas e certezas, uma luz – um calor quase insuportável ao mesmo tempo que insignificante, brota em mim, fingindo me dar forças, forças que no fundo tenho todas dentro de mim. Só preciso descobri-las, e usá-las sem medo.
É que tudo depende dos dias vividos e das lembranças apagadas.

terça-feira, 24 de março de 2009


Coisas banais, elas me fazem querer morrer. E eu morreria, mas a covardia tem de cumprir com seu papel. Ela tem de mostrar onde é que o oceano se choca com a estrada, e aonde eu irei me afogar. Escolhas só minhas. Que não conseguem se fazer escolher sozinhas. Era essencial. Agora é mortal. Porque essa inconstância?

sexta-feira, 20 de março de 2009


Escolhas que temos de fazer, quando tudo te leva para um caminho, mas teu coração, tua alma – para outro. Aliás, escolhas são traiçoeiras, sempre que nos entregam algo, nos tiram algo também. Muitas vezes não vale à pena, mas somos forçados a escolher, seja entre o que for, não podemos deixar o tempo escolher por nós. Na realidade, podemos até esperar que outros escolham por nós, mas nunca seremos completos. No fundo todos gostamos de termos controle sobre nossas próprias vidas e um dia, depois das escolhas feitas, iríamos nos arrepender de ter deixado tudo na mão de outros. Que certamente vão escolher o que lhes agrada melhor, e ficaremos remoendo a chance que tivemos de acertar tudo isso, mas ao contrário, por pura preguiça ou descaso, ou até mesmo inexperiência, resolvemos passar esse poder inexpugnável à mão de outrem. E por quê? Pra que? Se escolhas são muitas vezes irrevogáveis e únicas, por que não simplesmente as aceitamos e vivemos nossa vida em harmonia com elas? Bem, talvez porque não seja fácil ter de adivinhar o futuro ao escolher algo e ter de deixar outra coisa pra trás. Nosso âmago egoísta, humano, sedento de fartura, não nos acalma. Ele clama por tudo que pode recolher, e nele não estão inclusas a vontade de perder e o conforto de não ter de escolher.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Looking in your eyes


E aquela faca atravessava meu corpo com uma frieza inigualável. Aquela faca cortava minhas entranhas sem piedade. Minha visão ia ficando turva, as lágrimas já não me eram oferecidas, esculpiam em meu rosto a figura da dor e da tragédia. Tudo ao meu redor girava, em instantes seguintes, congelava. Aliás, nunca pensei que pudesse congelar. Nunca pensei que pudesse tentar gritar, expurgando a voz de minha garganta, sem que nenhum som saísse. Eu queria detê-la – aquela faca. Dois gumes, sem saída. De um jeito ou outro me feriria. Uma angústia fria e mal-cheirosa veio ao meu encontro. Era como se toda minha carne pútrida ficasse a mostra. Como se toda a minha metade morta, voltasse à vida. Era o mundo em minha cabeça, era pesado demais. Queria que você pudesse me sentir ali. Sentir o horror girando à minha volta. E você certamente sentiria. Aquela faca, aquela faca estava me trazendo de volta à vida, enquanto me devolvia à morte, também.
Aquela faca eram seus olhos – me pedindo pra morrer, me pedindo pra esquecer.

domingo, 8 de março de 2009


Jogo-me penhasco abaixo, em direção ao mar, esperando que a brisa cortante que passa por meu corpo, limpe-me de meus pecados. Mar-adentro espero encontrar tranqüilidade e paz que nunca pude ter, devido ao meu lado humano. Enquanto caio e sinto meu corpo sofrer a pressão do ar, sinto também que estou me purificando. Sinto-me livre. Voando como um pássaro, sem saber voar. Parece que toda minha angústia, arrependimento e dor já não importam mais. Todas elas somem com o vento que balança meus cabelos, corta minha pele. Passo a achar que realmente me libertei. Porém, depois o medo vem astuto, aterrador, rastejando desde meus dedos dos pés até a ponta da cabeça. Ele também se jogou penhasco abaixo e conseguiu alcançar-me. Invade-me, sem deixar que uma célula ainda viva de meu corpo consiga escapar. Ele toma conta de mim, me faz pensar em coisas que começam, devagar e sorrateiramente, a me amedrontar. Agora que o mar se aproxima a cada segundo, acelerando minha imagem em suas águas, me pego perguntando a ninguém, e se eu não morrer? Se sofrer? Onde vai parar a liberdade que eu sentia há dois minutos? Onde está meu egoísmo? Ele me seria bem útil agora. Não me deixaria pensar nos outros, nem mesmo em mim mesma. Apenas na paz que eu iria encontrar. Consigo sentir o cheiro dos animais marinhos, a brisa marinha. Minha cabeça está a ponto de explodir, mas eu sorrio. Sorrio porque agora sei, vou sentir falta de tudo, de estar viva, de sentir as coisas. Sorrio porque sei que valeu a pena, se estou sorrindo, valeu à pena. Mas chegou o fim, e vou encará-lo com bravura, afinal, foi o fim escolhido por mim. Sorrio e sinto a água inundar-me, grito seu nome, sorrio e ponho fim em minha estada nesse mundo. Deixo para trás uma história, a minha história, sorrindo.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Da estupidez


Ando sem paciência pra nada. Até mesmo um mosquito zumbindo em meu ouvido pode me fazer explodir. Tudo bem, um mosquito irritaria qualquer um em qualquer momento. Porém, um mosquito no estado em que me encontro, poderia fazer-me esfaquear alguém. Segurem, prendam-me, façam qualquer coisa porque estou de mal com o mundo todo. Se uma inocente criança olhar pra mim, posso tentar decapitá-la, por inveja da sua vida fácil e alegre, enquanto a minha está mergulhada em um tumulto que parece não ter mais fim. Sinto falta da minha infância, quando as pessoas não passavam de meros bonecos, e quando os sentimentos que eram criados por elas, os laços, não faziam tanta diferença assim, porque ainda teríamos os carrinhos e as Barbies. Ah! Essas bonecas malditas, eu as adorava até crescer e perceber que nunca seria igual a alguma delas. Agora as odeio e elas contribuem para a minha falta de paciência. Quando digo que estou a ponto de explodir, até um olá feliz dirigido a mim pode despertar de vez a minha fúria. E quando me perguntam o que me leva a pensar e agir assim? Respondo-lhes, a injustiça de minha vida, que é vazia e eu não consigo preenchê-la, ou achar alguém que me ajude a fazer isso. E não há nada que me irrite mais, do que olhar pra trás e só enxergar vazio.

domingo, 1 de março de 2009


E se tudo no mundo resolvesse me engolir, talvez a escassez de palavras bonitas e quanto menos singelas fosse justificável. Não se pode engolir o mundo e isso eu tive de aprender tendo as provas espirradas como um jato em minha cara. Pessoas rolam ao meu encontro e eu desvio delas como se fossem perigosas. Essa idéia embutida em mim de que tudo pode me ferir com tremenda facilidade, já é quase utópica. Já é quase irrevogável meu futuro. Faz frio e chove, chove e gosto da sensação molhada e fresca que a chuva traz. Há tempos adoeci de causas absurdas e procuro alguém que vá me curar, sem medo. Percepção. Percebo seu olhar congelando-me por dentro, enquanto ainda luto – sem forças – para respirar. Porque eu não estava lá? Que irrevogável seja, pois já caí no seu abismo.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Do gelo


Talvez sentir seu sangue borbulhar sem volta, espalhando-se pelo chão, enroscando-se em minhas mãos; talvez fosse reconfortante agora. Porque aí então nunca mais ele correria por mim, nem por ninguém. Nunca mais eu teria de forçar o meu próprio sangue a correr por alguém que não fosse eu mesma. Porque o meu futuro, meu destino eu já sei que é ao seu lado, porém se eu te eliminar de uma vez, talvez eu esteja livre de novo. Pois nunca aprendi a viver nessa nossa gaiola de fome, sede e sangue. Só arrancou pedaços essenciais de mim, que doei a você com tamanha curiosidade. E que agora, quando o arrependimento arrebenta pra sempre os vestígios de sanidade em meu cérebro, nos os posso ter de volta. Não sei bem se gostaria de tê-los, mas talvez me salvassem desse poço sem fundo, gélido e esdrúxulo – no qual caí por você; pra descobrir por baixo de seu disfarce epitelial, uma carne pútrida e gasta” pelas rasteiras da vida. Carne essa que não me serviu de nada a não ser para apodrecer a minha.
E agora? E agora que nem mais ela tenho para me consolar? Levou inclusive o meu resto de faísca, que me queimava a pele, porém me impulsionava a lutar. A maré está confusa, não tem peixes, só tem corpos. Corpos esses que não reconheço mais. Nem mesmo o seu.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Da espera.


E todos os nossos crimes pecaminosos ficaram pra trás. O tempo correu, galopou além da nossa capacidade para alcançá-lo. Tudo que fizemos vai ficar pegando poeira nas gavetas de nossas mentes. Sujas. Tudo que pensamos em fazer ficará em nossa consciência. Apitando. Enlouquecendo. Éramos apenas crianças? Não, não éramos. Éramos muito mais apreensivos. Éramos um. Poderia ficar preso no tempo por você. As coisas soariam mais equalizadas. Corretas.
Mas nunca o correto foi o nosso objetivo. Nunca o correto nos satisfez. O que temos a oferecer? Gotas de suor com o sal do mar. Éramos luz iluminando a praia. Éramos o farol dando a direção. Porque desmoronamos? Bombas vieram a nós e não soubemos desviá-las. E depois de nos destruírem, fomos fracos o suficiente para desistir da reconstrução. Ou talvez estivéssemos saturados?
Ou talvez os ventos do destino estivessem soprando pro lado errado; prefiro acreditar que estavam; culpar o destino é um refúgio. Culpa. Não vou renegar o que me foi tirado e dado de volta. Porque perder a vida e o sentido atrás de coisas que não voltam mais, é reconhecível, quase um ato heróico se chegar vivo ao final da busca. Inexistente. Agora, conseguir negar o que é seu por direito, renegar aquilo que está dentro de você, por mais que você o queime como o ácido - renegar você seria suicídio.
Só o tempo pode dizer - só o tempo pode abandonar.