quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Da espera.


E todos os nossos crimes pecaminosos ficaram pra trás. O tempo correu, galopou além da nossa capacidade para alcançá-lo. Tudo que fizemos vai ficar pegando poeira nas gavetas de nossas mentes. Sujas. Tudo que pensamos em fazer ficará em nossa consciência. Apitando. Enlouquecendo. Éramos apenas crianças? Não, não éramos. Éramos muito mais apreensivos. Éramos um. Poderia ficar preso no tempo por você. As coisas soariam mais equalizadas. Corretas.
Mas nunca o correto foi o nosso objetivo. Nunca o correto nos satisfez. O que temos a oferecer? Gotas de suor com o sal do mar. Éramos luz iluminando a praia. Éramos o farol dando a direção. Porque desmoronamos? Bombas vieram a nós e não soubemos desviá-las. E depois de nos destruírem, fomos fracos o suficiente para desistir da reconstrução. Ou talvez estivéssemos saturados?
Ou talvez os ventos do destino estivessem soprando pro lado errado; prefiro acreditar que estavam; culpar o destino é um refúgio. Culpa. Não vou renegar o que me foi tirado e dado de volta. Porque perder a vida e o sentido atrás de coisas que não voltam mais, é reconhecível, quase um ato heróico se chegar vivo ao final da busca. Inexistente. Agora, conseguir negar o que é seu por direito, renegar aquilo que está dentro de você, por mais que você o queime como o ácido - renegar você seria suicídio.
Só o tempo pode dizer - só o tempo pode abandonar.

3 comentários:

  1. "E todos os nossos crimes pecaminosos ficaram pra trás. O tempo correu, galopou além da nossa capacidade para alcançá-lo. Tudo que fizemos vai ficar pegando poeira nas gavetas de nossas mentes. Sujas. Tudo que pensamos em fazer ficará em nossa consciência. Apitando. Enlouquecendo." essa é a melhor parte *-*
    gosto dos seus textos.

    e sim, eu que escrevi aquilo.
    pretendo escrever mais.

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  2. "...Éramos um. Poderia ficar preso no tempo por você. As coisas soariam mais equalizadas. Corretas.
    Mas nunca o correto foi o nosso objetivo. Nunca o correto nos satisfez. O que temos a oferecer?..."
    Forte e reflexivo, gostei.

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