Não sei porque Terry gostou de mim. Ele simplesmente me levou morar uns tempos no seu trailer. Não sei o que aconteceu comigo nesse tempo, pois a primeira coisa que fiz quando saí da casa de Terry foi comer uma ruiva que estava na estrada e logo depois comprar um trailer. A ruiva me ajudou. Marianne era o seu nome. Ela que me ensinou que prostitutas nem sempre roubam sua carteira no fim da noite.
Quando cheguei ao trailer de Terry fui apresentado à sua família. Era pequena: uma mulher a quem ele gostava de chamar de "mulher", e dois filhos, Dianne - uma linda adolescente transpirado chatice e depressão, e Adam - um excelente fazedor de cocô de 3 anos. Segundo Terry, o menino foi a coisa mais produtiva que ele e sua mulher fizeram depois da guerra, "e olha que por ter sido com três pernas, eles se sairam bem", palavras dele. Depois de conhecer a família de meu mais novo amigo lunático, fui apresentado à classe C do trailer - os cães. Eram todos sarnentos, pulguentos, vira-latas e amados. Como Terry os amava, principalmente o General - o cachorro que ele conseguiu trazer do Vietnã em um baú. Não me pergunte como, porque eu fiquei com medo de perguntar ao Terry.
Onde o veterano ia, ele ia atrás, pareciam sempre prontos para se defender de um ataque, e os dois tinham pesadelos com bombas e odiavam barulho de foguetes. Aquele cachorro conseguia entender o Terry de um jeito que nem Deus entendia.
Eles eram todos católicos - menos o Adam, Terry achava que era muito cedo pra corrompê-lo com bobagens e maluquices. Terry fingia que era católico, descobri depois. Inclusive memorizou as orações pra mulher não desconfiar. Ele na realidade achava coisa de malucos - "mas não os malucos legais e espertos, os malucos idiotas e fracos, que não tinham 10 pila pra comprar uma boa cerveja e por isso tinham que recorrer à Deus", novamente palavras dele.
Nos primeiros dias tive de me acostumar com a cama dura e com o cachorro que me adotou, literalmente. Diego - em homenagem à um ator mexicano de não sei o quê, o qual Terry idolatrava - até chegou a me trazer um pedaço de seu bife. Talvez eu tenha cara de cachorro, ou talvez ele entendeu que gosto das coisas simples, e não há nada mais simples que um cachorro. Seguindo isso, o adotei também.
A comida era simplesmente arrebatadora. Nunca comi algo igual na vida. Terry dizia que isso só aconteceu porque "a mulher estava no lugar certo e na hora certa com os ingredientes certos, como deve ser". No mundo dele, homens lutam na guerra e mulheres cozinham - onde for.
Na primeira semana, a filha chorona e depressiva teve um problema, queria ir à um luau no meio do deserto. Lá também teria um show de manobras de aviões. Era a festa típica da cidade e Terry me pediu que como favor, fizesse a filha entender que não poderia ir porque uma vez soldado - SEMPRE SOLDADO! E eles nunca esquecem disso.
Sem entender muito bem, depois de um olho roxo e 5 cervejas pra esquecer, a menina foi ao local no carro do pai, e me deixou sem dinheiro pra voltar pro trailer. Sim ela me roubou e eu não falei nada à Terry, porque soldados são sempre soldados.
A vida simples no melhor trailer do Alabama me cativou, Caí de quatro por ela como se ela tivesse as melhoras pernas do mundo e muita grana pra me oferecer. E nunca mais, consegui sair de suas garras.
adorei bruna !
ResponderExcluirTens muito jeito :O mesmo
ResponderExcluirVai escrever um livro! =)
ResponderExcluirtens razao :)
ResponderExcluirO andarilho percorre o caminho, percorre os desertos e conhece inúmeras pessoas. Suas aventuras e descobertas cada vez me impressionam e despertam minha curiosidade sobre Terry, o viajante, e o destino que todas as coisas tomarão... continue, e não suma me deixando nessa espectativa rs.
ResponderExcluirBeijo
Cara, eu ri imaginando tudo isso, achei muito divertido e natural o modo como escreves. Vai ser um super livro.
ResponderExcluirBeijos
e tens todo o talento.
ResponderExcluirLembre-se de mim quando escrever o seu livro. Quero compra-lo com o maior prazer.
Obrigada por ter me seguido.
E entre o passado e o presente, meu coração ficas dividindo, querendo ter os dois. Mas, sempre sou lembrada que só posso ter um.
Beijos.
Querida, quanta inspiração..
ResponderExcluirEscreva um livro..
Comprarei, garanto-lhe!
Obrigada por ter visitado o meu blog, assim tive a honra de te achar tb, e quanto talento em?
Você tem um tipo de escrita que facina, voltei.
Gostei muito dos primeiros capítulos dessa história. Se continuar, pode escrever o livro. rs E me avise quando publicar, haha.
ResponderExcluirBeijos.
adorei o lance do cachorro te adotar...
ResponderExcluirbeijo!
Quero um livro com essa história *O*.Tenho certeza que vai ser o maior sucesso :D
ResponderExcluirBeeijão :)
Que legal essa história. E adorei como começou "Não sei por que Terry gostou de mim". Essa primeira frase me chamou a atenção. E outra coisa que gostei "classe C do trailer - os cães", classe C, por que é a classe mais baixa e por que é a primeira letra da palavra cães. Muito interessante.
ResponderExcluir:*
Eu li as partes e gostei, é como se fosse uma história calma, mas deixa de aprendizados que a gente pode levar. Curti e fiquei na curiosidade para ver mais um pouco da história, confesso! bjbj
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDevias realmente escrever um livro.
ResponderExcluir"O Vianjante" é inspirador. Gosto do modo forte como escreves, das expressões despreocupadas, dos cenários...
No mais, adorei o blog.
Beijos.
Muito bom, continua assim =)
ResponderExcluirMe apaixonei pela sua maneira de escrever. Demais mesmo.
ResponderExcluirNossa, você escreve muito bem menina. quando sair seu livro, me avisa que sou o primeiro a comprar.
ResponderExcluirAdorei o cantinho, voltarei sempre.
Se quiser, dê uma passadinha no http://occhistrabici.blogspot.com/ , onde coloco meus textos e inspirações.
Bjão moça!
Muito bom, especialmente essa passagem:"...um excelente fazedor de cocô de 3 anos...". Me emocionou.
ResponderExcluirBjs
Nussa! Isso vai virar ou já virou livro?! =p
ResponderExcluirHahaha
Gostei muito. Seguindo moça!
BjO
muito obrigada*
ResponderExcluirgostei muito e vou-te seguir :D
Obrigada pelo elogio. Gostei muito daqui.
ResponderExcluirSeria um grande livro.
Beijos
Oi Bruna! Adorei aqui também!
ResponderExcluirSigo! BeijO*
Adorei!
ResponderExcluirAgora vou ler os anteriores e voltar sempre por aqui...
;*
Um texto interessante e fluente. Superou minhas expectativas, hehehe. Te seguindo.
ResponderExcluirGostei da sua forma de escrever, bom texto, moça!
ResponderExcluirObrigada pelo comentário no meu Teatro.
Beijo!
Olha coisa nova pra ler ... é um seguimento? que ler tudo...
ResponderExcluir:::FER:::
Estou acompanhando esses devaneios.
ResponderExcluirAguardo surpresas e novidades.
E acho que isso realmente ocorrerá por aqui.
Olá minha querida, fiquei feliz com tua visita! Volte sempre. Gostei dos teus escritos também. Um curta passou na minha cabeça. Uma confissão silenciosa e adorável.
ResponderExcluirBeijos
Lindo texto, não sabia se lia um post ou assistia a um filme de tão envolvente suas palavras.
ResponderExcluirBeijooO*, te seguindo também.
Eu lerei seu livro , com muito prazer !
ResponderExcluirto te seguindo, passa no meu e vê se gosta de lá,como eu gostei daqui !
parabéns '
http://fersilverio.blogspot.com/
Adorei a história :D
ResponderExcluirObrigada pela visita, querida!
ResponderExcluirParabéns pela ótima escrita!
Beijos!
Muito me lembrou Kerouac ou Burko"whysky" :)
ResponderExcluirA.prece.ando aqui... ;)
Oi! Diferente teu blog. Bacana. Estarei por aqui =D
ResponderExcluirE bem, quanto ao seu coment, eu não considero como medo, mas como uma forma de evitar tantas dores, evirtar precipitações e aprender que nem tudo é lindo como parece. Maas se com isso espanta a felicidade. Entende?
Um beijo e tomara que consiga lançar um livro. haha' Sorte (yn)
Hallo, obrigado pela visita, volte sempre que quizer. Adorei o espaço aqui também.
ResponderExcluirSó li a parte três do viajante, mas lerei o resto hoje mesmo.
Estou seguindo também.
Um beijo, boa semana.
se perderes este jeito forte e meigo de escrever...se abandonar tal forma ñ mais voltarei aqui. (y)
ResponderExcluirgosto exatamente como está. mt bom!
bjos ;)
Bruna! Escreves muito bem... gostei!
ResponderExcluire outra, tens bom gosto musical ;)
um beijo
História interessante, diferente e intensa. Terry é um personagem e tanto. E o que dizer do próprio viajante? Muito bom mesmo!
ResponderExcluirParabéns por sua criatividade e maneira única de escrever.
Obrigada pela visita, comentário e por seguir. Faço o mesmo. ;)
Caí de quatro.
ResponderExcluirEssas palavras sempre me impactam.
Tão intenso.
ResponderExcluirbeijo linda flor
exagero e sempre bom né :D
ResponderExcluirNossa, o 3 texto é muito bom, achei um melhor que o outro. Realmente daria um bom livro. Parabéns
ResponderExcluirOlá, amei o post. Bmuito bem escrito.
ResponderExcluirTem um presentinho te esperando lá no meu blog. http://doce-meio-amargo.blogspot.com/
Espero que goste!
Bjos
Nina
Obrigada :)
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